Entendendo o Feldenkrais​
Vamos lá, leia no seu tempo, porquê é longo.
O Feldenkrais é muito profundo e não dá para explicar com uma frase curta.
Mas acho que apesar de longo, o texto é interessante e você vai curtir.
Colocar sua ATENÇÃO nesse texto, já mostra aonde você gasta o seu tempo.
Quais coisas você dá valor. E onde você coloca sua atenção são as coisas que você dá valor.
Seu corpo e seu bem-estar tem valor? O SEU corpo tem valor?
Vamos lá:
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O QUE É ESSA PALAVRA ESTRANHA: FELDENKRAIS
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O método tem esse nome porque é o sobrenome do criador dele; Moshé Feldenkrais.
Doutor em física, engenharia, biomecânica, psicologia e um dos primeiros ocidentais, faixa preta de judô.
Ele criou o método quando, jogando futebol, lesionou o joelho e foi desacreditado pelos médicos da época, que disseram que ele recuperaria no máximo, 50% de seus movimentos.
Então, a partir das relações de todo o seu conhecimento, ele passou a fazer investigações em seu próprio corpo e CONCLUIU que não adiantaria tratar do problema do Joelho (operar por exemplo) se não conseguisse modificar a forma como ele utilizava o seu corpo: seus padrões de movimento e o que estava por trás dos seus padrões e hábitos de movimento.
Ou seja, pra explicar de um jeito simples, é como quando alguém faz um regime maluco, emagrece e depois volta a engordar, porque volta aos seus padrões antigos de alimentação. (acredito que vc já tenha ouvido falar de alguém que passou por isso).
O método Feldenkrais parte dessa ideia e é um processo – não é fazer uma prática e pronto...
Uma prática pode sim acabar com alguma dor e algum desconforto, trazer uma reorganização corporal imediata, mas como o exemplo do regime, aos poucos vc se desorganiza e a dor pode voltar, pq vc não mexeu profundamente nos seus padrões, na forma como vc usa seu corpo.
- _Ah Ana, mas eu já tô mais velha. Tô na idade do CONDOR... Tenho um diagnóstico médico da minha dor no joelho ...Não tem como não ter dor na minha idade!!!_
Existem estudos científicos que comprovam que um diagnóstico de problemas nos joelhos, por exemplo, não está associado a dor.
Nesses estudos selecionaram uma amostra grande de pessoas. A metade delas com dor no joelho e a outra metade sem dor.
Comprovou-se que entre as pessoas que não tinham dor no joelho, a maioria tinha problemas sérios nos joelhos, iguais ou piores das pessoas que tinham dor.
Ou seja, um diagnóstico ajuda, mas não comprova a existência de dor.
Quanto a idade do CONDOR... Ter dor depois de uma certa idade acontece porque a gente tem padrões de movimento que causam desgastes e lesões, ou seja, quanto mais a gente usa o corpo nos mesmos padrões, mais a gente gasta e sobrecarrega algumas regiões.
IMPORTANTE: você não tem dor porquê já está com mais idade, você, muito provavelmente tem dor, porque já faz tempo que se movimenta sempre do mesmo jeito. Sempre nos mesmos padrões e hábitos.
-_Ta bom Ana, faz sentido, mas como o Feldenkrais resolve isso?_
Nas práticas a gente usa o movimento pra perceber os nossos padrões e ao mesmo tempo lembrams ao nosso sistema nervoso/corpo que existem muitas outras formas de se mover, formas pra além dos nossos hábitos.
O método tem base científica e usa a neuroplasticidade. Que nada mais é que a capacidade do sistema nervoso de se adaptar e se modificar em resposta a estímulos internos ou externos.
Ela reorganiza sua estrutura, funções e conexões. Ela mexe nos seus padrões de movimento. A neuroplasticidade é a capacidade do cérebro de mudar e aprender e permite que o corpo se recupere de lesões, aprenda novas habilidades e se adapte a novas experiências.
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A prática estimula o seu corpo todo a trabalhar em equipe e convida outras regiões que estavam meio adormecidas pra ajudar. E aí aos poucos para de desgastar alguns entornos e recupera outros.
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RESUMINDO
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O FELDENKRAIS é uma prática de AUTOEDUCAÇÃO somática que amplia SUA biblioteca de movimentos e muda SEUS padrões de movimento.
Porque a forma que VOCÊ USA o SEU corpo define a qualidade de como a você vive. Se com dor / ansiedade / cansaço ou se com saúde e bem-estar.
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UM EXERCÍCIO RÁPIDO:
Quer ver como a gente tem hábitos desnecessários e que terminam por desgastar algumas regiões?
Você está ai sentada, lendo esse texto na tela, então REPARA se por acaso você está fazendo algum esforço desnecessário NESSE MOMENTO: nas mãos, nos pés, talvez na boca, no ombro (um ombro mais pra cima), no joelho...
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Sentiu?
Então... a gente é esse bichinho estranho que faz esse tipo de coisa.
Que fica se contraindo o tempo todo e desgastando nosso corpo sem precisar.
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O FELDENKRAIS É UM RELAXAMENTO, UMA MEDITAÇÃO?
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NÃO. O Feldenkrais não é uma meditação e nem um relaxamento...
De início você até pode ter essa sensação porque parece ser sobre isso, parece ser sobre mexer a fisiologia e relaxar, mas ele atua no que está por trás do seu movimento:
Nas ideias que governam os seus movimentos.
E o que é surpreendente é que você não tem ideia dos seus padrões de movimento, porque sua atenção está sempre fora de você.
Nossa cultura nos adestrou para isso.
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AGORA PENSE:
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Qual meia você colocou primeiro hoje?
A direita? A esquerda? Ou nem reparou?
E ontem? Foi o mesmo pé?
E antes de ontem?
Se parar para pensar, talvez responda com segurança: “Sempre a mesma”.
Mas você realmente decidiu colocar primeiro a esquerda ou a direita?
Não. Você simplesmente colocou.
E usou vários movimentos para isso — mas já tão incorporados que não precisa pensar. Você só pensa: vou colocar a meia e faz isso sem pensar.
Como se apertasse um botão na sua IA INTERNA: colocar meia e o seu corpo faz isso AUTOMATICAMENTE. Você nem pensa.
Então agora pensa comigo: Tudo na sua vida é movimento!
OU SEJA, assim como com a meia, você também olha para o mundo sem escolher de fato.
Agora o mais interessante é: quando colocou a meia, estava sentada ou em pé?
O que aconteceu na sua COLUNA no exato momento em que colocou a meia?
Você lembra?
Arredondou? Arqueou? Ficou rígida?
E as suas costelas?
Mexeram? Como mexeram?
Aqui entra algo essencial para o Feldenkrais: o movimento da coluna e das costelas (e de várias outras partes do seu corpo) não é voluntário.
O voluntário é “colocar a meia”. Mas, para isso acontecer, há outros movimentos — involuntários — acontecendo ao fundo.
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OS 2 NÍVEIS DE MOVIMENTO NO FELDENKRAIS:
1. O movimento voluntário – colocar a meia.
2. Os movimentos de fundo – ajustes posturais, que não fazemos de propósito, conscientemente, mas sem os quais o voluntário não acontece ou acontece com esforço.
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E é aí que entra o Feldenkrais: usar a nossa capacidade de sentir para perceber *como fazemos o que já fazemos.
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E sabe o que é mais louco? É que esses movimentos de fundo, governados por seus padrões de movimento são tão desconhecidos que, quando aparece uma dor, muito provavelmente você deve procurar alguém para “arrumar” o que está ruim.
Você procura alguém pra mexer em você para desfazer algo que muito provavelmente você mesma que fez — mas sem saber como.
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Você vai arrumar ou trocar uma peça como se fosse um celular quebrado.
Só que seu corpo não é feito de partes, ele é um sistema inteiro inteligente.
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IMPORTANTE:
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No Feldenkrais, queremos que o movimento seja saboreado, não feito por esforço.
Para que você fique íntima da vida que está dentro do seu corpo.
Abrir mão do esforço, libera nossa atenção pra perceber nossa vida interna, porque claro, no esforço, não percebemos nada.
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UMA METÁFORA LINDA QUE APRENDI NA MINHA FORMAÇÃO:
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Pense num cavalo.
Ele sente a pegada do cavaleiro.
Se for bruto, ele percebe.
Se for gentil, ele vai perceber de outra forma. Vai cavalgar de outra maneira.
Montar um cavalo é um diálogo: cada toque diz algo para o cavalo.
Um toque pode ser prazeroso, opressivo, divertido… ou doloroso.
Agora imagine chicotear um cavalo para que ele ande mais rápido.
Ele sente. Ele sabe. E anda contraído.
A vida interna do cavalo percebe e digere tudo o que passa por ela.​
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SENTA AGORA PRA LER E NÃO CAIR PRA TRÁS:
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​Na nossa cultura, aprendemos a chicotear a nós mesmos — física e mentalmente.
E nosso corpo responde coerentemente ao cenário da chicotada.
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MEO DEOS!!! E como a gente se chicoteia!!!
Tem que fazer!
Tem que produzir!
Tem que correr!
Tem que dar conta!
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Você acha que os seus músculos vão se expandir e relaxar assim?
Ou será que eles vão contrair e se fechar?
Seu corpo é como esse cavalo. Sensível.
Como vc cuida da sua “eguinha” ?
Fica dando chicotadas pra conseguir fazer tudo o que vc tem que fazer ?
Ou respeita o seu tempo!
Qual é o seu tempo?
Você ainda sabe?
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A vida interna do seu corpo é extremamente sensível ao modo de como você faz as coisas.
A vida interna do seu corpo tem que digerir tudo o que passa por ela.
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As práticas de Feldenkrais convidam você a se aproximar de você, movendo a vida que habita você.
A sentir se o movimento é um ato de obediência e adestramento cultural...
Ou uma brincadeira para degustar a vida dentro do seu animal vivo.
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Seu corpo responde ao modo como você se move.
E como a maior parte disso acontece sem você perceber, ele está respondendo a algo que você nem sabe que está fazendo.
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As práticas ajudam a trazer essa percepção — não de forma analítica, mas sensorial.
Você percebe como faz. O seu sistema nervoso percebe e responde.
Esse saber chega pela sua experiência direta.
E é isso que as práticas promovem:
Perceber como você faz o que faz e como a vida dentro de você responde.
Não é exercício. Não é meditação. Não é relaxamento.
É exploração.
É investigação.
É desenvolver a habilidade de perceber o que você já faz. É criar intimidade com vc!
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SOBRE DOR NAS COSTAS E FORTALECER O CORE (o abdômen)
Pensa num acordeom:
Se você cria tensão/contrai a parte da frente do seu abdômen, a parte de trás, a coluna precisa compensar.
Se vc transforma seu abdômen numa parede de concreto, o seu diafragma não tem espaço pra respirar. E nossa respiração é primordial para a auto-regulação do nosso sistema.
UM ÚLTIMO EXERCÍCIO:
Fique de pé e respire. Sinta como o ar entra em você e para onde ele vai.
Depois encaixe o quadril, contraia o abdômen pra proteger as suas costas e respire.
Como ficou a sua respiração? Solta?
E porquê então todo mundo fala sobre fortalecer o core na academia?
Porque a nossa medicina tradicional ainda acredita que somos feitos de partes.
Que somos uma máquina e não um ecossistema completo como a natureza.
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Você tem uma inteligência interna dentro do SEU corpo muito mais poderosa que qualquer IA.
Então, você só precisa reaprender a confiar na inteligência do SEU corpo.
Quando olhamos pra nossa medicina tradicional e entendemos que hoje em dia nossa saúde virou um produto pra alimentar a roda da indústria farmacêutica, OUSAR em experimentar uma prática que vai no sentido oposto, que cuida do seu corpo com gentileza é um ato de rebeldia corporal.
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Vem experimentar, teu corpo é um ecossistema vivo e inteligente.